Qual o uso correto das crases no texto?
questão 2 acento indicativo de crase
Veja abaixo a resposta correta e algumas dicas de como resolver de uma questão sobre crase.
Questão referente a prova:
PREFEITURA MUNICIPAL DE FOZ DO IGUAÇU/PR
CONCURSO PÚBLICO Nº 002/2022
ANALISTA DE SISTEMAS JÚNIOR
Instrução: As questões de números 01 a 05 referem-se ao texto abaixo.
Os donos da língua
Por Alexandre Carvalho
Se fosse possível que habitantes de uma região e seus descendentes nunca adotassem
termos de outros povos, o Brasil, colonizado por Portugal, não falaria português. É que o
vocabulário da nossa antiga metrópole nasceu de uma vitória brutal do latim, a língua oficial do
Império Romano, sobre o lusitano, o idioma falado na Lusitânia, território que se estendia entre
os rios Douro e o Tejo – e onde viviam os ancestrais dos portugueses desde o Neolítico
(10.000 a.C. – 4.500 a.C.).
Sem a incorporação da cultura de uma sociedade (muito) mais poderosa, quando Roma
conquistou as tribos lusitanas em conflitos que se estenderam até 138 a.C., os portugueses que
colonizaram o Brasil ainda falariam essa língua protoindo-europeia.
Bom, isso se os lusitanos também permanecessem imunes ___ riqueza cultural
muçulmana. A invasão da Península Ibérica pelos mouros, a partir de 711, deu uma contribuição
enorme ___ língua falada até hoje por portugueses e brasileiros. Você esbarra com ela sempre
que diz “almofada” (al-muhhadâ), “azulejo” (az-zulayj), “açougue” (as-sūq), “enxaqueca” (axxaqiqa)… Ou seja, quem mandou e desmandou na região que hoje abriga Portugal, em diferentes
períodos, trouxe consigo seus modos e sua língua – que os avós dos avós dos avós… dos nossos
colonizadores adotaram.
O estrangeirismo, aliás, nem precisa de espada ou bomba para se estabelecer num
território. Relações de comércio ou grande destaque internacional de um país acabam
promovendo essa influência também. E é por isso que, antes que os Estados Unidos
conquistassem admiração mundial, o brasileiro gostava mesmo era de imitar o francês.
A tradição cultural da França conquistou brasileiros de todas as classes sociais. Quando o
Rio de Janeiro era nossa capital, a arquitetura francesa predominou nos edifícios fluminenses,
marcados pelos estilos art nouveau e art déco. No centro da cidade, o Theatro Municipal foi
inspirado na Ópera de Paris.
Então, a língua, claro, também foi influenciada. Quando pensamos em palavras de origem
francesa na nossa língua, logo vêm à mente os termos relacionados à gastronomia: couvert,
buffet, croissant, maionese (de mayonnaise), baguete (de baguette)… Mas essa influência deu
muito mais ao nosso dia ___ dia.
Enfim, o Brasil era um país francófono, como boa parte do mundo. Até que a Europa foi
destruída por duas grandes guerras no século 20, e os Estados Unidos tiveram espaço e dinheiro
para lançar bombas atômicas culturais planeta afora.
Nos anos 1960, todo mundo queria assistir a filmes no drive-in e tomar milk-shakes. No
século 21, vemos filmes no streaming (seja no notebook ou no home theater), devoramos
cupcakes e bebemos nossas pints.
É isso: cada era com seu colonizador cultural. Talvez o próximo da fila seja a Coreia do
Sul. Pois é. O BTS, maior boy band do país, é tão popular globalmente quanto Elvis Presley foi
nos anos 1950 e os Beatles nos 1960. Adolescentes decoram letras em coreano com a mesma
voracidade que memorizam letras em inglês.
(Disponível em: https://super.abril.com.br/sociedade/o-bem-e-o-mal-do-estrangeirismo/ – texto
adaptado especialmente para esta prova).
QUESTÃO 02 – Considerando o emprego do acento indicativo de crase, assinale a alternativa que
preenche, correta e respectivamente, as lacunas das linhas 10, 12 e 28.
A) à – à – à
B) à – à – a
C) à – a – à
D) a – à – a
E) a – a – à
Assunto: Emprego do acento indicativo de crase.
Resposta correta: B) à – à – a.
Explicação:
A crase é utilizada antes de "riqueza cultural" (linha 10) e "língua falada" (linha 12), pois há a combinação da preposição "a" com o artigo definido feminino "a", indicando a ideia de "à" (a + a).
Na linha 28, não há crase antes de "dia a dia", pois não há a combinação da preposição "a" com o artigo definido feminino "a".
Resposta completa:
"Bom, isso se os lusitanos também permanecessem imunes ___ riqueza cultural muçulmana":
Aqui, a palavra "riqueza" é feminina e está sendo precedida pela preposição "a". Quando uma palavra feminina é antecedida pela preposição "a", a crase deve ser utilizada. Ao substituirmos "riqueza" por um termo masculino, como "conhecimento", obtemos "imunes a conhecimento cultural muçulmano". Nesse caso, há a fusão da preposição "a" com o artigo definido feminino "a", indicando que é necessária a crase. Portanto, a resposta correta é "à", com crase.
"...deu uma contribuição enorme ___ língua falada até hoje por portugueses e brasileiros":
Nesta lacuna poderiamos substituir "língua" por um termo masculino, como "idioma", que é um substantivo masculino. Portanto, ao substituir "língua" por "idioma", teríamos a seguinte frase:
"...deu uma contribuição enorme ao idioma falado até hoje por portugueses e brasileiros".
Nesse caso, há a presença de um artigo definido feminino "a" após a preposição "a". Quando há essa fusão, é necessário o uso da crase. Portanto, a resposta correta para essa lacuna é "à", com crase.
"...dado muito mais ao nosso dia ___ dia":
Sem mais delongas, quando temos palavras repetidas, não se utiliza crase. Portanto, a resposta correta é 'a', sem crase.
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